24 julho 2007

"Eu Quero Ver Você Dançar Em Cima de uma Faca Molhada de Sangue..."

sente-se lasciva. a luxúria é quem respira por seus poros, que latejam ao mais perceptível aroma de prazer. seu sexo não quer mais esconder-se sob as roupas ou sob os gestos polidos e educados.

encontrar seu oposto, seu complemento: esse é o único objetivo de seu hoje. encaixar-se em um falo poderoso e cálido é sua fantasia imutável, que somente cresce a cada dia. febril, ela abdica de seus pudores e olvida os próprios princípios de castidade e lealdade ao seu coração. ela quer apenas ter o gozo de pertencer, raivosa e avidamente, a um corpo maior que o seu, um corpo de estrutura firme e maciça, perfumado, aconchegante... orvalhado de torpor orgásmico.

orgasmo latente.

ela desenha: as línguas tocam lugares proibidos. as mãos, desesperadas, não encontram sossego. lutam contra o esmo, estacionando aleatórias na pele alheia, perdidas em delícias insasiáveis. perde-se a ordem. os cabelos emaranhados pelo roçar no travesseiro ensaiam uma brava rebeldia diante do calor abafado e selvagem.

os pés enlaçados esfregam-se com paixão, ansiosos pelo toque brusco das unhas e dos calcanhares. os sussuros alimentam o ritmo hipnótico do coito, que segue incessantemente em meio à escuridão do quarto e da madrugada. os corpos e os sexos já não se separam mais. são moradias mútuas, infinitas, sôfregas, gêmeas... onde só habitam o gozo e o deleite pelo líquido de seu objeto de desejo.

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